Eclesiastes, 1

Bíblia Matos Soares (1956)

1 Palavras do Eclesiaste, filho de Davide, rei de Jerusalém.

2 Vaidade de vaidades, diz o Eclesiaste, vaidade de vaidade, tudo é vaidade!

3 Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?

4 Uma geração passa, outra geração lhe sucede, mas a terra permanece sempre estável.

5 O sol nasce e põe-se, corre ao seu lugar, donde volta a nascer. (ver nota)

6 O vento dirige o seu giro para o meio-dia, depois declina para o norte; corre, visitando tudo em roda, e volta a começar (depois) os seus circuitos.

7 Todos os rios entram no mar, e o mar nem por isso trasborda; os rios voltam ao mesmo lugar donde saíram, para tornarem a correr.

8 Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. O olho não se farta de ver, nem o ouvido se cansa de ouvir (sempre as mesmas coisas).

9 Que é o que foi? O mesmo que há-de ser. Que é o que se fez? O mesmo que se há-de fazer.

10 Não há nada novo debaixo do sol, e ninguém pode dizer; Eis aqui está uma coisa nova, porque ela já existiu nos séculos que passaram antes de nós.

11 Não há memória das coisas antigas, mas também não haverá memória das coisas que hão-de suceder depois de nós, entre aqueles que viverão mais tarde.

12 Eu, o Eclesiaste, fui rei de Israel em Jerusalém,

13 e propus no meu coração inquirir e investigar sàbiamente todas as coisas que se fazem debaixo dos céus: Deus deu esta penosa ocupação aos filhos dos homens, para que se dedicassem a ela.

14 Vi tudo o que se faz debaixo do sol, e achei que tudo era vaidade e a aflição de espírito.

15 O torto não se pode endireitar e o que falta não se pode contar. (ver nota)

16 Eu disse no meu coração: Eis que cheguei a ser grande, que excedi em sabedoria a todos os que antes de mim houve em Jerusalém; o meu espirito possuiu largamente a sabedoria e a ciência.

17 Apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria, a loucura, os desvarios, e reconheci que ainda isto é aflição de espírito,

18 porque na muita sabedoria há muita amargura, e o que aumenta a sua ciência, também aumenta o seu sofrimento.




Versículos relacionados com Eclesiastes, 1:

Eclesiastes 1 começa com o autor, que se apresenta como "o Pregador", expressando sua frustração e desesperança em relação à vida. Ele argumenta que tudo é vaidade e correr atrás do vento, pois as coisas não mudam, e tudo o que temos é a futilidade da existência humana. Abaixo estão cinco versículos relacionados com os temas abordados em Eclesiastes 1:

Salmos 39:5 - "Eis que deste aos meus dias um palmo de comprimento; a minha vida é nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade." Este verso destaca a ideia de que a vida é passageira e de pouca importância diante de Deus, o que ecoa a ideia central de Eclesiastes 1.

Tiago 4:14 - "Pois não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, simplesmente, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa." Este verso traz uma mensagem semelhante àquela encontrada em Eclesiastes 1, ao enfatizar a brevidade da vida humana e a incerteza do futuro.

Isaías 40:7-8 - "Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o hálito do Senhor. Na verdade, o povo é erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente." Este verso apresenta uma visão semelhante àquela apresentada em Eclesiastes 1, de que tudo é transitório e perecível.

Jó 8:9 - "Porque somos de ontem e nada sabemos, porquanto nossos dias sobre a terra são como uma sombra." Este verso expressa a ideia de que a vida humana é breve e insignificante, o que ressoa com o sentimento de desesperança encontrado em Eclesiastes 1.

Salmo 90:10 - "Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e nós voamos." Este verso enfatiza a brevidade da vida humana e a fugacidade do tempo, um tema recorrente em Eclesiastes 1.


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