19. Santo Ireneu - o adversário da Gnose

Ireneu é considerado o maior teólogo do século II. Nascido na Ásia Menor (entre 140 e 160), chegou a conhecer São Policarpo de Esmirna, discípulo do apóstolo São João. Era presbítero na cidade de Lyon durante a perseguição de Marco Aurélio. Após o martírio de Potino, foi eleito bispo daquela cidade. Não temos nada de exato sobre sua morte. Segundo uma tradição antiga, ele teria sido martirizado por hereges depois do ano 200, com aproximadamente 70 anos de idade. Outros, porém, afirmam que ele morreu em um massacre de cristãos em Lyon, no reinado de Sétimo Severo (202?). A Igreja o venera como mártir, no dia 28 de junho.

A sua maior obra, "Adversus haereses", "Contra as heresias", foi escrita entre os anos 180 e 185. Trata-se de um ataque demolidor ao sistema gnóstico. Depois de expor e refutar detalhadamente as doutrinas da gnose (que conhecia muito bem), Ireneu revela a verdadeira doutrina: o cristianismo.

Testemunha de grande autoridade, Ireneu fala, entre outras coisas:

  • Do valor da Tradição como regra de fé.
  • Do primado da Igreja de Roma: "Com esta Igreja, por causa de sua autoridade principal, faz-se mister concordarem as demais Igrejas, a saber, os fiéis do universo, na qual se manteve incólume sempre, esses fiéis de toda a parte, a tradição apostólica"
  • "...onde está a Igreja está o Espírito de Deus, e onde está o Espírito de Deus está a Igreja e toda graça".
  • Da estada e do martírio de São Pedro e de São Paulo em Roma.
  • Que Cristo é a encarnação de Deus. Nele Deus se faz homem para divinizar a humanidade.
  • Que A Virgem Maria, por sua obediência, consertou a desobediência de Eva. Maria é a "advogada de Eva" e "causa de salvação" para o gênero humano.
  • Da doutrina do pecado original.
  • Do costume de se batizar também as crianças;
  • Que a eucaristia é a carne e o sangue de Jesus. "Compõe-se de dois elementos, um terreno e outro celeste". É o sacrifício novo, anunciado por Malaquias (Ml 1,10s), celebrado pela Igreja no mundo inteiro.

Acompanhando muitos de sua época, Ireneu era milenarista. Como, porém, o milenarismo não tinha sido condenado pelo Magistério, não faz o menor sentido dizer que Ireneu é culpado de heresia. Não se pode falar de culpa sem conhecimento de causa.



“Amemos ao próximo. Custa tão pouco querer bem ao outro.” São Padre Pio de Pietrelcina